segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Sobre Zumbis e Cavalos Alados

   Quando se fala em jogos de celular, a primeira coisa que vem à cabeça dos pais, tios e aspirantes a psicólogos é aquele famoso discurso iniciado por "o celular distancia pessoas". Por mais que eu seja da era virtual, meu pensamento sempre foi um pouco old-style, e por esse motivo sou contra a enorme dependência dos jovens de seus telefones - e nem por isso escapei do avanço da tecnologia, embora tenha resistido por um tempo considerável. Há algum tempo adquiri um smartphone, e isso tem se tornado uma desculpa a mais para me isolar das pessoas e utilizar seus recursos
   Hoje não foi diferente. Como de praxe, eu jogava meu mais recente vício, Zombie Tsunami, enquanto esperava meu pai me buscar na escola. Esses jogos tem, realmente, o poder de nos alienar dos acontecimentos a nossa volta, porque só fui notar a pequena multidão de crianças ao meu redor ao perder a partida. Havia 3 ou 4 pimpolhos observando atentamente meu jogo, e quando perdi um deles comentou: "nossa, você é boa!". Eu, por não saber exatamente como reagir, ofereci o celular para que eles jogassem, mas ninguém aceitou - o que não aconteceu na segunda vez que perguntei. E foi assim que, dentro de alguns minutos, fiquei amiga da Gabriela, Heloisa e seu irmão - cujo nome não lembro.
   Posso ser ridícula por isso, mas nunca me canso de ouvir as observações que as crianças fazem, sobre qualquer coisa que seja. A Helô comentou que um dos zumbis parecia o Neymar, por ter um topete semelhante ao do jogador. E que outros dois eram dançarinos, por usarem perucas coloridas e extravagantes. Achei totalmente válidas as observações, e concordei com ambas. Só lamentei não ter mais esse hábito de usar minha criatividade para coisas tão simples como essas.
   Depois de jogarmos durante algum tempo, tive de ir embora. Feliz pela situação inusitada, triste por deixar minhas novas amigas. Fui à Ioga, onde conversei com minha professora sobre livros, vestibular e fobias. Como é de se esperar, saí de lá relaxada, e estava conversando com meu pai no carro, durante o trajeto de volta, quando ele disse: "olha o céu ali, que lindo", apontando para um conjunto de nuvens. E então, de forma totalmente espontânea, soltei um "aham, parece um cavalo alado!". E foi assim que percebi, da forma mais inesperada possível, que havia recuperado minha criatividade.

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